
Sessão teve participação ao vivo do Japão
A Hot Session do último dia do congresso SET 2016 reuniu, nas palavras de Fernando Bitencourt, moderador da sessão, um verdadeiro “dream team” de especialistas que vêm estudando e criando os padrões para a transmissão aberta de Ultra Definição da imagem.
A sessão começou com a fala de Metthew Goldman, VP de tecnologia da Ericsson, responsável por algumas inovações e tudo na padronização de formatos de vídeo. Sua fala iniciou apresentando os avanços na qualidade da imagem com o formato 4K. Ele informou a todos que nos Estados Unidos, a maior parte das telas está entre as 55 e 60 polegadas, as telas estão cada vez maiores e as pessoas querem mais qualidade ainda na imagem e a Definição é algo que já está se tornando realidade no mercado consumidor americano. Goldman apresentou as características técnicas que fazem do 4K um padrão que se aproxima do que o olho humano é capaz de captar. Estas características técnicas dizem respeito ao Gamut de cor, HDR, taxa de resolução. O desafio maior está justamente no HDR, pois atualmente a dois padrões que estão sendo analisados.
Logo em seguida Skip Pizzi, um dos responsáveis pela implantação do ATSC 3.0 nos Estados Unidos, avançou na questão do Ultra HD abordando o modo de se entregar este conteúdo em alta para as pessoas em suas residências em sinal aberto pelo ar. Uma das características do ATSC 3.0 é justamente estar preparado para este serviço. O início dos trabalhos deste novo padrão começou em 2010 e agora em 2017 será lançado no mercado americano. O padrão possui uma arquitetura em três camadas. Uma física, uma baseada no gerenciamento de protocolos via IP e a camada que permite o uso de aplicações. Isto permite uma serie de funcionalidades:
- Flexibilidade no espectro;
- Robustez;
- Mobilidade;
- Ultra HD;
- Serviços de TV Híbrida;
- Multi-view
- Conteúdo em 3D;
- Áudio imersivo;
- Interatividade, segunda tela;
- Acessibilidade;
- Personalização;
- Novos modelos de monetização;
- Vídeo sob demanda;
- Ser uma commodity para o mundo.
São funcionalidades que poderão não ser utilizadas todas de uma vez. Cada emissora poderá escolher qual dessas funcionalidades se adapta melhor ao seu contexto. Este a realidade que poderá conhecida na Coreia do Sul, em 2018 e posteriormente nos Estados Unidos.
Paulo Rabello, Diretor de Tecnologia de Entretenimento da Globo, trouxe a experiência da emissora em produção em 4k. Rabello aproveitou a explanação técnica anterior sobre o 4K e apresentou a aplicação prática deste formato na produção de algumas séries, como Liberdade, Liberdade e Justiça, atualmente na programação. A primeira decisão da emissora foi produzir em Ultra no formato RAW. Isso trouxe algumas vantagens como uma maior capacidade de imersão do espectador, com a possibilidade de aproximação do expectador para com a tela. Outra vantagem é a exposição (luz) que permite uma qualidade na exposição sem ruído e com maior contraste entre luz e sombra. E outra vantagem é a ampliação da gama de cor, que pode ser definida com o diretor do programa na pré-produção do programa. Na opinião de Rabello, o HDR é o verdadeiro ganho do formato Ultra HD, pois se assemelha muito a realidade da visão humana, principalmente no controle da luminosidade com vários níveis e fontes de iluminação.
Rabello entende que esta migração da indústria de TV do HD para o 4K, seja, talvez, a maior transição na história de indústria televisiva, pois altera os padrões da televisão, aproximando muito para o modo filme na qualidade e no modo de captura das imagens. Por fim, o executivo respondeu uma questão que sempre lhe perguntam: Quando uma novela irá ser gravada em 4K? Rabello afirma que ainda é muito caro para se fazer todo conteúdo de entretenimento em Ultra. E uma novela, devido ao seu ritmo de gravação, modo de atuação dos atores e por ser uma obra aberta, ainda inviabiliza a gravação deste tipo de conteúdo.
Dentre os principais impactos listados por Rabello destaca-se: a maquiagem, muito difícil de ser corrigida na pós-produção, a cenografia, o figurino, produção de arte, mas o que é mais impactante é a complexidade no Workflow tradicional, principalmente no tempo de pós-produção que em alguns caso pode chegar a 24 vezes o tempo tradicional.
Em sequência, Hiroyuki Ogawa, Diretor de Tecnologia Digital de Transmissão, Divisão de Tecnologia de Transmissão, Departamento de Informação e Comunicações, Ministério do Interior e Comunicações (MIC) do Japão, trouxe para a sessão a política de implantação do padrão Ultra no Japão. Ogawa avançou no tema lembrando que esta tecnologia em Ultra Definição vai além das aplicações para entretenimento para televisão. Aplicações na medicina, na educação na solução de crimes, são apenas algumas utilizações que terão um ganho prático com este novo formato. Por isso, na opinião de Ogawa, o mercado será de equipamentos e TI será fortemente impactado pelo 4K e 8K. O Japão ciente destas implicações discutiu uma politica para a transmissão do 4K e 8K por satélite, que foi debatido por órgãos do governo japonês ligados inclusive ao ministério da economia, daquele país. A previsão para a utilização por satélite na transmissão dos formatos em Ultra é 2020, nas próximas olimpíadas. Esta preocupação com a regulação deste novo formato serve de alerta para o Brasil.
Por fim, a sessão contou com uma participação externa, uma inovação para o congresso SET. Narichika Hamaguchi, diretamente do Japão via internet, apresentou alguns dados sobre os testes de transmissão em 4K e 8K por satélite. Hamaguchi é diretor de engenharia da NKH, responsável pelos testes. O Hivision, como o formato é chamado no Japão iniciou os testes por satélites em Ultra neste mês e prevê sua transmissão para determinadas áreas do Japão em 2018 e para 2020 a totalidade do território japonês.
Feira SET Expo
Horários
30 de agosto: 12h – 20h
31 de agosto: 12h – 20h
1º de setembro: 12h – 19h
Local: Pavilhão Vermelho, Expo Center Norte, São Paulo/SP
Por Fernando Moura, Isaac Toledo, e Francisco Machado Filho, em São Paulo