Detalhes sobre a migração do rádio brasileiro

A segunda parte da manhã do último dia do SET Sudeste 2015 analisou os detalhes do processo de migração da rádio AM para FM. Assim, Eduardo Cappia (EMC/SET/AESP) explicou as principais expectativas criadas pelo “Processo de Migração de OM para FM. Ele disse que a migração traz para a radiodifusão brasileira um alento e uma preocupação em todos os seus setores, técnico, comercial e industrial”.

A sessão atualizou números da migração, abordou aspectos técnicos da operação das emissoras e outros enfoques relativos, fazendo uma revisão clara, concisa e esclarecedora da situação. Ele disse que a canalização “aumentará o número de canais e reduzirá o espaço”.

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O debate teve, além de Eduardo Cappia que foi o moderador, a participação Marco Túlio Nascimento (SET) e José Claudio Barbedo (Formiga), e se realizou dois dias depois de o governo ter finalmente definido os valores da migração. Cappia explicou as exigências de documentos do processo que, segundo ele, “podem eliminar ou retardar que as emissoras façam a adesão à nova outorga da emissora”.

A portaria foi assinada na terça-feira, 24 de novembro, pela presidenta Dilma Rousseff e estabelece os valores da migração das rádios AM para a faixa de FM, que variam de R$ 8,4 mil, para emissoras em municípios de até 10 mil habitantes, a R$ 4,4 milhões, para radiodifusoras da região metropolitana de São Paulo.

Cappia explicou que o país foi dividido em 6 faixas e que dependo da faixa em que se encontre a emissora será definido o valor da outorga, que terá a ver com a tabela de faixas, a população determinada pelo IBGE na região de abrangência da emissora, a potência e o nível de enquadramento. “Será um processo complexo com a migração de mais de 1000 emissoras no país. Nesse sentido temos de pensar onde está o ouvinte e como temos de preservá-lo. As pessoas já não compram receptores de rádios, compram celulares e ouvem em 74% das vezes a rádio no carro”.

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Marco Tulio (SET)

Marco Tulio (SET) avançou com a palestra “Convergência & Divergência”, o que, segundo ele, é “o futuro da rádio”, porque ele passa por definir “para onde nós estamos indo. E vamos para a migração, para o rádio híbrido e, mais tarde, para o rádio online”.

Segundo ele, a divergência do rádio está em que o mundo é visual, e ela é oral, e ainda que ela está no ar em um determinado número de estações, enquanto o universo online tem milhares de hipóteses, o que dificulta a sua monetização.

“No rádio a diferença é ser rádio, com foco na experiência de ouvir. Nela o foco é o áudio, um áudio de programação que tem engajamento com o ouvinte e com o comercial. O rádio ainda partilha com as mídias eletrônicas o beneficio do mobile first, da costumização do conteúdo linear, e o volume de audiência onde cada ouvinte e a sua interação interessa. Finalmente, o Web First tenta adaptar e particularizar a programação”.

Tulio apresentou três cases, o primeiro da xappmedia para a NPR News, que “chama o ouvinte para a participação na programação” e cria ferramentas de interação mediante reconhecimento da voz. O segundo é sobre a Buzzam, uma StarUp que criou uma aplicação para celular que combina música com news e postcasts. O terceiro case pertence ao iHeart, uma aplicação de Música e Rádio que inclui rádios ao vivo e música on demand.

Barbero avançou para um assunto muito específico no processo, com a sua palestra:  “Sobremodular afuenta ouvintes” Ele disse que quanto maior o nível de modulação, mais rádios mostravam mais distorção, principalmente quando o áudio da emissora era densamente processado. Isso, incluindo que os receptores para “consumo” são fabricados ao menor preço possível, “em milhões de receptores fabricados, um dólar a menos em cada representa uma enorme economia, mas o baixo custo na fabricação implica em baixa atenção a otimização”.

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Eduardo Cappia (EMC/SET/AESP)

Barbeto afirmou que para produzir receptores que funcionem em um “espectro de RF congestionado, a IF dos receptores está restringida, por isso no Brasil a recepção é tão ruim. Estamos “ferrados”. Precisamos que a lei seja cumprida para defender o áudio, o pacote de áudio está espremido”.

 

 

“Conforme o áudio é processado pesadamente e a razão entre picos e média é reduzida, a modulação fica mais tempo no nível superior, com efeitos radicais na distorção percebida. Nessas condições, a qualidade de áudio pode parecer pior do que se um processamento “leve” fosse usado, mesmo com altos níveis de modulação”.

Ele finalizou a sua apresentação dizendo que “uma emissora usando hiper-modulação pode ver sua audiência decrescer sem que ninguém na emissora saiba o porquê disso”.

O SET Sudeste 2015, Seminário de Tecnologia de Broadcast e Novas Mídias Gerenciamento, Produção, Transmissão e Distribuição de Conteúdo Eletrônico Multimídia, se realiza no Auditório da Bolsa do Rio – Centro de Convenções Bolsa do Rio, na Praça XV de Novembro 20, Rio de Janeiro de 24 a 26 de novembro de 2015.

Veja a programação completa do SET Sudeste em:

http://www.set.org.br/eventos_regionais_sudeste.asp?ano=2015

Por Fernando Moura, no Rio de Janeiro

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