SET Norte 2016: “Se o PIB do Brasil crescer cerca de 2% ao ano, temos o risco de um apagão entre 2021 e 2023”, afirma palestrante

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Renato Rogério Fiore (IBS Energy) afirmou, na tarde desta quinta-feira (10), que se o PIB do Brasil crescer 2% ao ano nos próximos anos, há o risco de vivermos um apagão de energia entre 2021 e 2023. A previsão foi apresentada na palestra “Novas formas de fornecimento de energia no mercado livre” no SET Norte 2016, em Manaus.

O expositor apresentou, também, projeções que indicam um aumento no preço da energia em 2017 e 2018, motivado por decisões políticas erradas tomadas em 2013, quando o Governo reduziu as tarifas cobradas da população em cerca de 20%.

“Para que a magia da televisão funcione, precisamos de energia. Não adianta ter alta tecnologia se você tem distúrbios que queimem o seus equipamentos ou se falta energia para que eles funcionem”, comentou.

A energia no Brasil é predominantemente gerada por fontes hidrelétricas, que são responsáveis por 72,3% do fornecimento do país. Isso representa um risco aos radiodifusores em casos de falta de chuvas nas regiões Sudeste e Centro-oeste, onde se concentram as principais usinas, explicou Fiore.

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Até 2030, com investimentos em fontes alternativas, dependência de energia hidrelétrica pode cair para 50%

As empresas precisam pensar em soluções integradas de energia, segundo o palestrante. “É preciso fazer uma auditoria das contas de energia, fazer projetos técnicos de elevação de classe de tensão, assim como uma reclassificação tarifária (ou seja, mudar o horário de funcionamento da empresa). Monitoramentos e gerenciamentos, definindo horários de desligamento dos aparelhos remotamente, também pode ser uma solução.”

Fiore defendeu a implantação de um mercado livre de energia no país, em que possa haver uma livre escolha do gestor de energia, com negociação de preços, flexibilidade de contratação e redução de custos, e uma gestão customizada de energia, com planejamento do consumo.

Até 2030, teremos um sistema de energia que poderemos comprar da fornecedora que quisermos, na visão dele.”O que ocorreu com o mercado telecom vai acontecer com a energia. No mercado regulado, ou cativo, como temos hoje, a compra de energia é apenas da concessionária local, não é possível negociar preços, o consumidor está sujeito às condições do fornecedor local e a contratação não pode ser customizada. No mercado livre, é feito um contrato bilateral com o novo fornecedor (operador ou agente), havendo possibilidade de negociar preços, prazos e indexação. Torna-se possível a empresa negociar com o fornecedor e modelar a contratação”, explicou.

Em relação à energia eólica, que representa menos de 1% da matriz energética brasileira, o palestrante comentou que existem atrasos em obras de transmissão da energia captada nas novas usinas construídas no Nordeste do país entre 2004 e 2008.

A energia solar, em sua opinião, seria extremamente viável para o Brasil, o problema é importar os painéis solares para uso industrial. Há uma fábrica no Nordeste sendo construída, na Paraíba, para suprir essa demanda a partir de 2023 e reduzir os custos dos painéis no mercado no país. A previsão é que, até 2030, a gente continue dependendo de energia hidrelétrica em 50%. O Governo [presidido por Michel Temer] está definindo a sua matriz energética em eólica e energia de biomassa”.

Energia alternativa

Roberto Lavor (QLuz Eco Energia) criticou o investimento do Estado nessa única fábrica de painéis de energia solar [citada por Renato Fiore], que, na visão dele, pode criar um monopólio no setor, e comentou a respeito do cenário de mercado global de energia fotovoltaica até 2018, mostrando que há uma tendência mundial de evolução da capacidade instalada acumulada até 2018.

img_4907“Na China, não há mais fios nas ruas. A iluminação é toda solar. Há uma imensa quantidade de universidades especialistas nesse tipo de energia. Na Alemanha, durante ¾ do ano, eles têm pouco sol, mesmo assim, investem pesado em tecnologia. Há estudos que mostram que a Alemanha vai chegar a 2030 apenas utilizando energia alternativa. Não se faz nada mais lá sem pensar em eficiência energética. Por aqui, temos muita abundância e pouco trabalho neste sentido. Ainda temos uma dependência grande de energia hidrelétrica, apesar de a média anual de insolação no Brasil ser muito alta. Temos quatro vezes mais insolação do que na Europa”.

A energia fotovoltaica pode ser usada em diversas situações e é uma solução alternativa que deveria ser incentivada. “O difícil é o governo atrapalhando como sempre, com impostos e poucos investimentos em pesquisas. No Amazonas, não existem políticas de incentivo. Em São Paulo, as concessionárias estão em dificuldades operacionais. Mesmo assim, não há uso de soluções alternativas”, considerou o palestrante.

“Sentidos e desafios de OTT para profissionais: broadcast tradicional e broadcast streaming”

Em palestra que encerrou o SET Norte 2016, Vitor Chaves de Oliveira (SET/Coach IT Group/Unisal) analisou como os diversos meios de conteúdo habitam num ambiente em que, cada vez mais, a qualidade das experiências é fundamental. Nesse ponto, o palestrante buscou explicar ao público como congregar tecnologia, talento criativo, novos hábitos e direcionamento mercadológico. O futuro passa pela convergência e pelos ciclos de vida dos conteúdos, na opinião de Oliveira.

“A convergência é um caminho sem volta, porque nesse ciclo, a qualidade cada vez é mais importante. Hoje, estamos no mundo IP, um mundo no qual o debate constante se dá entre qualidade e expectativa.”

IMG_4920.JPGDevemos, segundo o palestrante, pensar cada vez mais nas ferramentas de criação de conteúdos, entendendo que as técnicas que promovem a colaboração de arte e tecnologia “dão vida ao produto audiovisual. O que traz qualidade [aos conteúdos] são as pessoas, enquanto a tecnologia evolui”, ressaltou.

Oliveira pontuou, ainda, que a gestão de conteúdos se torna cada dia mais importante no mundo OTT e afirmou que, “nesse cenário, a automatização é fundamental pensando em integração com softwares”. Antes de encerrar a sua participação, o associado da SET destacou a comercialização de conteúdos que procuram, basicamente, a “busca de ganhar dinheiro, sabendo que a distribuição e a entrega de conteúdo são fundamentais para o sucesso, pensando em serviços que sejam flexíveis e possam funcionar em IP. Assim, o que importa é a busca por orientação à conexão em uma tecnologia orientada à aplicação”, concluiu.

PROGRAMAÇÃO COMPLETA SET NORTE 2016

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