Painel abordou o “rádio híbrido” e as opções dos broadcasters frente ao processo de migração AM/FM
A manhã do segundo dia do SET SUL 2017 começou com um debate sobre o rádio e a manutenção de seu conteúdo em um contexto de transformações nas formas de recepção e em meio ao processo de migração do AM para o FM no Brasil. O painel “Preservação do conteúdo da rádio” foi moderado por Eduardo Cappia, diretor de Rádio da SET, e contou com palestras de André Cintra, membro da Diretoria Técnica da ABERT, e Roberto Lang, diretor técnico da AERP.
As mudanças no perfil de recepção foram debatidas visando a preservação do caráter massivo do veículo como um instrumento de comunicação. “O desafio da palestra é a preservação do rádio e o seu conteúdo. Só temos duas possibilidades, o rádio embarcado ou o rádio dentro do automóvel. O rádio tradicional está em declínio”, afirmou Cappia, introduzindo as falas dos convidados.
“Nós temos de habilitar o rádio no celular. Para nós, a solução é o rádio híbrido, que pode ser ouvido por streaming tanto pelo ar como por dados. Quando é por dados, tem como principais vantagens a duração da bateria e a falta de saturação”, argumentou.
Antes de passar a palavra, o engenheiro da SET também reiterou que é “urgente realizar o planejamento dos canais da faixa estendida FM de 76 a 88 MHz para acomodar os mais de 300 canais de FM que serão alocados nas regiões metropolitanas nacionais”.
André Cintra apresentou os resultados da migração AM/FM na região sul do país e destacou as implicações das primeiras emissoras em operação, descrevendo o perfil de implantação das mesmas, suas dificuldades e perspectivas.
O representante da ABERT lembrou que 1.442 emissoras já pediram migração, das quais 1.006 estão incluídas. Outras 346 solicitações são inviáveis, segundo ele, porque “nos estudos percebemos que mesmo com um canal com a menor potência possível não é viável colocá-los no ar”.
Finalmente, Roberto Lang analisou o panorama da rádio e o que acontece com as emissoras que assinaram o contrato de migração. “As emissoras que migraram tiveram problemas de documentação pelos contratos sociais de outorga com mudança de donos. Outro dos problemas no Estado do Paraná foi à cercania da fronteira.”
“Tivemos problemas técnicos na hora da instalação das antenas e transmissores com alterações de coordenadas. Outro problema gravíssimo que não tínhamos é o problema dos aeródromos. Agora, precisamos da anuência dos aeroportos”, acrescentou.
No fim da palestra ficou claro que a migração é uma questão tecnológica, mas que a AM como consumo cultural continua sendo importante e tem a ver com o consumo de conteúdo. É impreterível que o celular possa ter um chip integrado para assim avançar para um rádio híbrido.
Por Fernando Moura, em Curitiba (PR)